André Bernardo
TV Press

Vanessa foi escalada para interpretar a vilã Lindinha e se tornou um dos destaques de "O Cravo e a Rosa"

Cantora e dançarina, Vanessa Gerbelli é reconhecida como boa atriz


A atriz Vanessa Gerbelli raramente se arrepende do que faz ou deixar de fazer. No início do ano, por exemplo, ela não titubeou em deixar a família em São Paulo e se mudar para o Rio de armas e bagagens para trabalhar em "O Cravo e A Rosa". A atriz acredita que o sacrifício de deixar casa e família em São Bernardo do Campo, região do Grande ABC, já foi mais do que recompensado. A boa atuação como a Lindinha na novela das seis, além de motivo de orgulho, rendeu a Vanessa ser escolhida como "Atriz Revelação" na eleição anual promovida pela TV Press. "Isso mostra que eu estava certa quando decidi mergulhar de cabeça no que eu queria", argumenta.
O papel de Lindinha em "O Cravo e A Rosa" é o primeiro da carreira de Vanessa Gerbelli Ceroni na tevê. Há tempos, ela bem que mandou um videobook para a Oficina de Atores da Globo, mas não obteve resposta. Depois disso, nunca mais tentou nada. Até o dia em que a atriz caiu nas graças do diretor Walter Avancini, notório descobridor de talentos - na lista do diretor há nomes como Regina Duarte e Sônia Braga. Por recomendação do produtor de elenco da Globo, André Reis, Avancini foi assistir ao espetáculo "Cazas de Cazuza", no qual Vanessa canta, dança e representa. O diretor ficou impressionado com o que viu. "Tive a maior sorte por estrear na tevê justamente com o Avancini. É impressionante o que ele extrai dos atores", espanta-se.


Troca-troca


A princípio, Vanessa havia sido escalada para o papel de Kiki, uma cantora francesa com ares de trambiqueira. Como o teste exigia apenas que o candidato cantasse, Vanessa "engoliu" as concorrentes. "Canto desde pequena. Aos 15 anos, já tinha uma banda que animava festinhas infantis e bailes de formatura", gaba-se. Mesmo assim, Avancini não se deu por satisfeito e resolveu trocar os papéis de Vanessa e Rejane Arruda. Como já era de esperar, Vanessa adorou estrear na tevê com uma autêntica vilã. Lindinha faz de tudo para arruinar a vida afetiva do amado Petruchio, papel de Eduardo Moscovis.
Segundo Vanessa, a geniosa Lindinha não trouxe maiores dores de cabeça. Achar o tom da personagem, por exemplo, foi fácil. Difícil foi se acostumar à rotina de gravação. Habituada aos palcos e à reação imediata do público, Vanessa confessa que se sentiu "meio acuada" frente às câmaras. Mesmo assim, não precisou mais de um mês para se soltar no estúdio e corresponder às expectativas do exigente diretor. "O Avancini me aconselhou a esquecer que o estúdio vive cheio de gente e seguir adiante", lembra.
Não demorou muito também para Vanessa começar a desfrutar do sucesso da personagem. Há alguns meses, quando visitou a família em São Bernardo do Campo, a atriz foi a um restaurante que freqüenta desde criança. Lá, um garçom - que a conhece também desde a infância - se encheu de formalidade para pedir um simples autógrafo. No Rio, a situação se repete. Não com garçons, mas com crianças. "Acho que o público infantil se identifica com a Lindinha por causa das traquinagens que ela faz", arrisca.
A atual boa fase de Vanessa Gerbelli só não é melhor porque ela teve de abdicar de outras atividades por causa da carreira de atriz. O canto é uma delas. Além de cantora e dançarina, Vanessa também é compositora nas horas de folga. Tanto que pretende reunir algumas das músicas que compôs num CD. "Não quero abandonar esse meu lado musical. Canto as letras que eu mesma componho e nelas coloco o que quero falar", observa. Vanessa pretende aproveitar o término das gravações de "O Cravo e A Rosa" para rever a família. "Morro de saudades do meu cachorro. Às vezes, ele olha para mim e se faz de difícil só porque não posso levá-lo para o Rio", queixa-se.
Outra "paixão antiga" que Vanessa pretende retomar é a pintura. Formada em Belas Artes pela Universidade de São Paulo, ela não vê a hora de matar saudades do ateliê de pintura. "Tenho até frustração por ter começado a fazer balé só depois de adulta. Uma atriz com diferentes aptidões tem mais chances de conseguir diferentes papéis", acredita.

Fonte: http://www1.an.com.br/2000/dez/31/0tev.htm